Exclamações e reticências.
Mas queria sentir.
É uma ilha, um morro, arfar de árvores, tilintar de sininhos, daqueles de porta. Lá no fundo, a cidade corta a negritude do horizonte sem lua com luzes enfileiradas de formiga. Civis que cortam a terra. Tênue pra quem vê de longe; pra de perto, “uau!”.
Uma cadela me vigia. Deitada, encolhida, com as sentinelas negras e as pálpebras arqueadas, bem atenta e meus passos.
Eu não ando.
Sou estranho àquilo tudo. Se piso na terra, o graveto denuncia; se finjo estar bem, o vento quebra o galho e me assusta. Assusta, pois sou estranho e me soa estranho. A calma.
Mais arfares; o vento não deixa, mas não me entra em mente. Eu penso nada. E nada não nada; eu flutuo na dúvida; sobre a minha dúvida; a questão sobre a questão: por quê? Quem está aí?
E o vento não liga a mínima; devolve a pergunta.
Há uma torcida lá fora; lá fora aqui do lado. Gritam “olé” com os ares que passam e me driblam de mim.
Quem estou aqui?
Ooooooooooooooooo... lê...
Tento pegar um pensamento. Mas a bateria da torcida, de sinos de porta:
Tlin.... tliinnn... tlin....
Começa a dar agonia. É muita calma nessa hora. Eu quero pegar a folha, pegar a tinta; e verter algum líquido deste vaso, seja água e seja vinho. Dou tapas na perna, mas não há mais moscas; eu não me sinto mais.
A calma de enerva. Mas em outro plano; eu ainda estou na rede; pego pelo silêncio sem sono.
E a ilha pergunta:
— Que estás fassendo?
— Estou... escrevendo?
— Pois solta!
E o turbilhão levou as folhas das mãos.
— Volta! Volta! São meus!
— Senta... e sinta!
E deixei verter para dentro.
— Aqui não há metro, mas tudo rima. Sem polisentido, mas nada é tudo. Tu se sentes a mancha no vazio, mas aqui nós somos a mancha, e tu és o vazio. A tua forma está, mas as cores se invertem. Pare de pensar. E observe.
Ooooooooooooooooo... lê...
Tlin.... tliinnn... tlin....
E deixei de buscar o que escrever. Dessa vez, a natureza era água; sem gosto, sem cheiro, sem grandes sensações das que eu costumava saber. E vi que minha busca não era mais por vinho, e era sim sede, desidratação.
Eu bebi; mergulhei. A tosse da cidade passou. A ânsia amainou; os monstros que se mechiam ao redor agora dormem e andam. A cadela adormeceu. A gaia absorveu-me.
E eu tirei férias das exclamações, adjetivos; para curtir as reticências.