28 de maio de 2009

Sessão. Seção. Cessão.

— Muito bem. Time's up. São cenzão.
— Que cenzão?
— Os meus.
— Eu não sabia!
— Sinto muito.
— Eu não pensei que era assim.
— Seu tempo.
— Escuta aqui, eu falei tudo de mim!
— São cenzão.
— Mostrei fotos de meus filhos!
— São cenzão.
— Desabafei das minhas dores no seu colo!
— Cenzão.
— Te chamei de doutora. Minha maior fantasia, ter uma doutora cuidando de mim! E você não disse nada?!
— São.
— Em partes eu assumo que exagerei. Porque, logo de cara, no primeiro encontro? Te chamar de “minha doutora”? E eu achando que você iria resolver minhas vontades assim, só por ter jaleco?
— Esta é sua carteira?
— Mas como vou pagar, hein? Como?
— Se não pagar, te processo, te apreendo, te sumo, te sujo no Serasa.
— Tá, tá! Posso pagar em rim?
— Pode. Depois você reembolsa metade.
— Metade!
— Qualquer coisa é só ligar para o número atrás da sua carteirinha do seu plano de saúde.
— Plano de doença, isso sim.
— Obrigado e volte. Sempre!
— Sádica!
— Sádica não. Neoliberal.
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