11 de fevereiro de 2009

A pele da lotação

Óia a cara desses tantos
Desse tosco elefante
Quantos riem nessa lota?
Teve passo pouco em antes?

Pá Pô Pôu explodiriam
Caso em pé pisassem forte
Chove chove, chova sua
Lagriminha de sovaco
Cheira funga, noje lambe
Tenta a mão na bunda rêga

Velhos coxos se erguendo
Pra velhota teta mole
E no entanto ronca aberto
A jovinha preguiçosa
Seu roncado de peidona
Cava na maledicência
Cava na velhacaria
Cava cava moralenta

Ginastíca bamboleia
No rebolo do pneu
Som no ouvido, de cabresto
Ponto meu de pisa-pisa
Pansacola, mochileiro
Leva bóia de boiada
Se prometem melhoria
Vem aumento na catraca

Põe de meia em meia hora
O milhão intinerante
Soca mesmo, soca forte
Vai fodendo povo-dia
Uns vão rindo, ou xiando
Terno caga, terno anda

Tem aqui motô bandido
Tem aqui motor fundido
Tem aqui de pouco aviso
Mas vou indo integra e são

Os mandantes deveriam
É lamber mão de batente
Das suadas e encardidas
E depois dum dia quente

E se chove, é fazenda
Cheira porco cão cavalo
Feromônios azedados
Nos perfumes barateiros
E se chove, vem cheirume
Decantando e escorre e sobe
Corroendo as narinas
E com cremes sem pudor

O lá fora some em bafo
Da janela Jhonso e djonça
É salsicha, queijo branco
Desengraça essa pança
Vem freguesa, fungue o quadro
E aproveite, tem peidinho
Emanando pelo rabo
Disfarçando o risinho

Tome às quatro com mormaço
Num calor do bem intenso:
No busão de volta à casa
O Cortiço vira incenso

Mais fedido é o tosco carro
De um uno imperativo
Que esfumaça os mano e véia
Desse quanto descasivo

Tô esperando há meia hora
O transporte coletivo

__
__