13 de dezembro de 2004

Lágrimas e mar são água e sais. Surreal? Ou sou real?

— O que é isso em teus olhos?
— É água. E sai.

Lágrimas é um rio que inunda quando o mar não é navegado.

Já encontrei em minha irmã este remorso; isso é mais freqüente quando o tema em voga é futuro, vestibular, faculdade, etc. Sempre acontece; insegurança definha. Já fui do cara que chegava e dizia “Não fica assim, vai passar, é fase...” — frase, aliás, que serve pra qualquer coisa — mas, como parte de um ideal, não sugiro mais nenhum consolo desse tipo. Na hora da prova, sim, ela vai precisar de apoio moral; mas para a vida, mesmo, e para o dia-a-dia, quem criará forças será ela mesma (nem que seja tirando dos outros).

Pausa.

Se isso parece auto-ajuda pra você, então somos dois. (Eu sabia que estava difícil demais escrever.)

Pra falar a verdade, deixo o amigo sofrer, para que ele aprenda a se levantar sozinho. Sou pró-silêncio, e não dou pêsames. E no sucesso, vou exigir uma rodada por conta, mesmo sem dizer parabéns. Sou pró-silêncio e acredito no olhar.

Essa fase de vestibular é uma merda no Brasil, porque o tal do mercado competitivo brasileiro está exigindo cada vez mais especializações, jovens entrando, graduando e pós-graduando e degraduando, e não abre espaço para que façamos o que gostamos. Imagine, trabalhamos para ganhar grana e para só no futuro fazer o que gostamos; e ainda dizemos que somos racionais? Mas onde está aí a idéia da morte, a mais racional das coisas terrenas?

(Nunca as drogas foram tão necessárias.)

Clarissa: eu me formo com 21 anos e 2 meses, e não (mais) me orgulho disso. Eu queria ter conhecido mais gente; queria ser menos religioso na infância; queria ter dito um bom dia pras vizinhas; queria aproveitar a temperatura das novas idéias enquanto estou no fervor da juventude, mas não! Estudei, estudei, decidi logo cedo “meu destino” e hoje não tenho tempo para fazer o que deveria ter feito agora e ontem. Mesmo no terceiro ano de Comunicação Social, as coisas que descobri até agora são: que não quero fazer marketing; não quero fazer propaganda; e não quero mentir, omitir ou manipular em detrimento de minha saúde mental — pois minha intenção não é trabalhar como camelo e deixar de lado meus livros, músicas, atividades físicas (incluindo aí o sexo) e paixões boemias.

Logo eu sairei do Submarino a procurar por coisas que tenham a ver com escrever idéias. Farei um curso de roteiro audiovisual no fim deste ano, e espero encontrar o meu rumo nas redondezas disso aí.

Pelo menos não esperarei o fim de minha vida para descobrir qual roteiro deveria ter seguido.

Não chore mais.

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Extras do DVD — Cenas cortadas: clipe de Comfortably Numb.

— Para quê esta mão estendida? Por acaso tenho cara de quem lhe dará esmolas? Imagine, um mendigo!

E deus nunca mais estendeu a sua ajuda.

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