4 de junho de 2009

Oi, rato

A razão de um ofício é trabalhar até
alcançar
o próprio inuso.


O sonho de um ser necessário
— se realmente necessário
— é não ser mais necessário

Qual objetivo de um médico
senão a saúde total de todos os seres?

Qual o do engenheiro senão
a mais harmoniosa logística humana?

E do advogado
senão a Justiça?

Da doença, do caos, do corrupto
A utopia justifica

Mas e o ator?
O que justifica o ator?
O que valoriza o teatro?

Que ator trabalha
almejando a própria
inutilidade?


O que o faz útil?
O que faz inútil?
O que faria?

Quantos fracassucessos
Quantas carreiras
Quantos anúncios

Se pensar ator vira

Ra-to
Quais antidepressivos não tomarei
Quando fazer as mesmas perguntas
Trocando os palcos pelos anúncios?

Que diferença faz eu publicitário?
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2 comentários:

Lucas Alves disse...

E quem responde ao ator se ele é necessário?

cacksia disse...

E no fundo, bem no intimo...o que procuramos qdo decidimos ser atores? Todo ser almeja algo...qual o desejo objetivo desta escolha? Me diga se souber...eu gostaria muito de saber, ao menos alguma resposta...