30 de outubro de 2013

Corpo rodovia

Tens vergonha desse corpo, mortal
tal qual as estradas do Monte Atlas.
Te achas maior que o devido
e não há mais forma indevida.
Teu corpo rodovia
só nos cabe aos bons pilotos
que vai do burgo à praia
a quarenta e poucos por hora.
Menos atento, perder-se-ia a-vista
dos morros de ti mulher:
por onde se olha, horizonte em Vênus,
derraparia, não pararia o peito
que nos teus vales as estradas
ouviriam o suspiro final.
Não tenhas vergonha, terra fértil
Já a queria quando à via vim.

How is you?

Morando há quase um ano fora
de manhã não adianta:
falo inglês tão bem quanto sonâmbulo
troco your're welcome por thank you
e ajeito mal a frase em cinco pausas.

Mas à noite
o motor já aquecido
e também o corpo, e a alma
diante de uma bela garota, flerto
falando inglês assim que acordo.

29 de outubro de 2013

Tu me acordaste no meio da noite

Tu me acordaste no meio da noite
toda urgente ao pé do ouvido
tão insistente que já me pus de pé.

Resgatas-me de um sono agora
vermelha, e me convences
da importância de seu arranhar selvagem.

Mas prometes um perigo
que não cumpres
deixando meu olhar reticiente.

Tu me vens em desespero
mas no calar de tua boca
não encontrei o calor de um suposto fogo.

Só me resta a cama mole
para abraçar meu duro corpo.
Só me deste a noite fria
após deixar-me em sangue quente.

Chamaria de mulher maluca
Mas foi só o alarme (falso) de incêndio.