27 de março de 2008

Pomos de uma terra dura

Dilacere este silêncio constrangido.

Rompamos este hímen de quilômetros.

Vocês, já lhes disse,
são das pessoas que mais amei ao conhecer.

Mas vocês...
eu as vejo numa proporção bem menor do que gostaria.

Paralelamente,
escrevo numa proporção tambem menor
do que eu quero pra minha vida.

Cruzadamente,
é pra vocês e poucas pessoas inéditas
que eu escrevo.

As pessoas que mais valem a pena,
os trabalhos que mais valem a pena,

alimentam a alma, alimentam meus sorrisos.

Alimentariam bem mais o tempo

se não fossem seus nutrientes
insuficientes para as tripas.

Coincidente, não?
Sharply, the manacing wing sweeps over...

E no entanto, é só nisso que penso,
pois, numa proporção semelhante,

quatro meses passaram neste ano,
que seria o de minhas revoluções.

Caracteres e convivências
são dedicados apenas em sulcos de tempo.

Tempo que,
fosse terra,
mais frutos daria.

Muitos mais frutos daria

se os sulcos de nossos encontros,
não arranhassem, e sim arassem

meus hectares secos de poesia e frescos pomos.

Saudade de vocês e dos frescos pomos que eu escrevia.

Pra flores como vocês eu escrevo.
E, no entanto,
nem vocês eu vejo

Nem me vejo
no que já não escrevo beijo.


Coincidente, não?
Sharply, the manacing wing sweeps over...
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6 de março de 2008

Gama

Quantas flores numa neve?
Quantas luzes numa sombra?
Quantos olhares na fruta
E boca em mesma boca?

De repente num clique
Um raio, num flash
O mundo num sorriso anil
Que traz a flor azul
De ramos tão verdes
Colhidos a mãos amarelas
De uma senhora rosa
Debaixo de tardes laranja
Prenúncio dum pôr vermelho

E dos negros, que surpresa!
— O povo mais colorido.

O acaso de achar um instante
Cores de mim distantes
O acaso de achar na história
O passado de cena memória

Vem comigo no sem-fim
Feliz que é o gamar
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